segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Período de Luto

É uma coisa tão louca passar por essa situação...

Na minha cabeça já tive 4 abortos:

- o primeiro aos 19 anos, quando senti uma cólica imensa no metrô, quase desmaiei, e quando cheguei em casa vi sair uma coisa bem estranha e disforme de dentro de mim. Liguei pro meu pai, que é ginecologista, e ele disse que poderia ter sido um aborto espontâneo. Pode não ter sido, mas sofri ali.

- O segundo foi aos 32 anos, quando já havia 1 ano que tentava engravidar do meu marido, e tive um gravidez tubárea. Foi um luto enorme, uma dor imensa. Tenho até uma tatuagem para homenagear meu primeiro bebê real que se foi.

- O terceiro foi aos 34 anos, após o negativo gigante que ganhei no beta da minha primeira FIV. Nossa, como chorei, como achei que Deus não queria que eu fosse mãe, como me culpei, como sofri. Mas resolvi seguir em frente.

- O quarto foi na segunda tentativa de FIV no mesmo ano. Dois negativos em 1 ano. Triste.

Aí você pode pensar: "Mas se deu negativo, você não tava grávida!" Ok, fala isso pra minha cabeça, pro meu corpo... fala isso depois de ver seus bebês sendo inseridos no seu útero. Quero ver...

Foram 4 lutos, 4 enterros, 4 vezes que caí e levantei. 

Em todos eles precisei de um período pra me recompor. Precisei chorar muito, precisei do ombro do meu marido, precisei me enfiar no trabalho pra esquecer. Mas passa, tá?

Nunca pensei em desistir! Eu não iria desistir, só se o meu médico me mandasse parar. E ele não mandou.

Na última vez que recebemos o não já tínhamos viagem marcada pra Indonésia. Já havíamos ido mais de uma vez pra esse país tão cheio de energia. Mas cada vez é diferente, E dessa vez vivemos momentos únicos.

Primeiro fomos pra uma ilha absurdamente linda, chamada Mentawai. O lugar foi completamente destruído naquela Tsunami horrorosa que aconteceu. Chegar lá e ver que não existe pra onde ir se houver outro desastre, estar num paraíso daqueles tipo Off mesmo e ver o que restou do que existia antes do mar lavar tudo tem uma energia incrível. E ficamos tipo uns bichinhos mesmo, já que nossa bagagem foi extraviada e ficamos a base de doações dos hóspedes do resort por uma semana. Ali me reconectei com Deus, com sua força e seu poder, ele me mostrou de novo o meu lugar, minha importante insignificância nesse mundo. Deus se mostrou pra mim através de uma natureza exuberante, do silêncio e da solidão, da força da destruição e da necessidade de reconstrução.

o resort que ficamos em Mentawai (foto da internet)

Partindo de lá, já transformados e com a bagagem em mãos, fomos a Bali. E lá visitamos um templo que sempre tive vontade de ir. Chama-se Tirta Empul, é o templo das águas sagradas, e nós acertamos o dia de ir, pois era o dia do ritual de purificação,

Ouvimos toda a história de como aquela nascente era sagrada, como seria feito o ritual de purificação e nos propomos a ir como se fôssemos hindus. Não fomos pra tirar fotos e postar em redes sociais. Fomos vivenciar de verdade aquela energia. E foi lindo. Foi intenso. Agradecer, meditar e pedir.

As fontes de água sagrada do Tirta Empul(foto da internet)
Existe uma ordem para passar nas fontes e em cada uma delas uma parte do seu corpo, da sua mente ou da sua alma é purificado. É extasiante. É incrível.

Voltamos da Indonésia purificados, reconectados e com a certeza de que o melhor estava por vir.

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