domingo, 4 de junho de 2017

Carta para meu filho

Filho,

Há exatos 3 meses estamos juntos.
Vivendo em simbiose. Desenvolvendo, crescendo e amadurecendo. Juntos.

Queria eu poder escrever algo fugindo de todos os clichês da maternidade. Mas como fazer isso, se pela primeira vez todos eles fazem sentindo pra mim?

Já te amo tanto! E que amor é esse? Platônico? Não te vi, não te conheço, não consigo visualizar suas formas na minha imaginação. Eu tento, mas parecem imagens borradas de algum bebê que já vi em algum lugar. Não é você.

Te amo antes de tudo isso. Te amo desde que você era um amontoado de células se dividindo dentro de mim. Quando você não tinha forma ainda. Te amo desde que você tinha 8 células, 3 dias de vida e apareceu pra mim numa TV.

Todo esse amor inexplicável que só aumenta. Cada vez que tenho a oportunidade de ouvir seu coração. De ver uma imagem borrada um tanto surreal numa tela em preto e branco, em uma sala gelada, cada movimento seu entrou na minha memória para sempre.

Cada mudança no meu corpo, na minha mente e na minha vida. Estamos mudando juntos. A cada dia. Já não imagino minha vida sem você.

Sei que não somos um. Matematicamente não nos pertencemos, estamos contidos um no outro. Somos um interseção de conjuntos: eu, você e seu pai.

Estamos juntos nessa aventura que se chama vida.

Estamos nos preparando para te apresentar o mundo. O nosso mundo. E te ajudar a escolher o seu.

Sei que temos muito pela frente. Todos nós. Que ainda vamos precisar uns dos outros por alguns anos, mas de alguma forma a vida irá nos separar.

Seja por nossas escolhas, ou pelos ciclos inevitáveis de vida e morte. Mas nesse momento, meu amor, só desejo que você tenha força, que lute, cresça e se desenvolva saudável.

Estamos te esperando com tanto amor que não saberíamos explicar ou mensurar.

Te alimentarei, te vestirei, te cuidarei, te amarei, e farei tudo isso de graça, sem te cobrar nada. Simplesmente pra ter a alegria de ver o teu sorriso ao descobrir como é bom ter uma vida, ser amado, sentir.

Quero ser uma boa mãe pra você. Mas cometerei muitos erros. Não me julgue, serão por não saber como lidar com esse amor novo e assustador. O desconhecido paralisa, cega, desespera.

Já te demos um nome, espero que goste de ser chamado de Lucas. Provavelmente usarei pouco esse nome, te chamarei de meu amor, meu príncipe, meu filho! E não se assuste com esse pronome possessivo, MEU. Porque na verdade do pertencimento, eu que serei SUA.

Te amo eternamente,

Mamãe 
21/4/17

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